Turismo em Cunha: cartografias, regionalizações etc.

O Lavandário e o pôr-do-Sol mais lindo do Brasil.

Faço aqui algumas breves considerações sobre a cartografia turística do município de Cunha e as regionalizações impostas pela Secretaria de Turismo de São Paulo e pelo Ministério do Turismo.

Cartografia

Mapa Turístico da Estância Climática de Cunha. Ano: 2009. Fonte: Prefeitura de Cunha (SP).

Esse mapa turístico de Cunha vem sendo reproduzido e impresso pela Prefeitura, com algumas alterações, desde o início deste século. Foi criado pelo designer cunhense Wagner Oliveira. Sem dúvida, é muito bonito e elegante, mas peca nos aspectos cartográficos. Prevalece os aspectos estéticos sobre os técnicos. A cidade de Cunha, como se nota, está ampliada e o restante que do plano, que cobre o município, está em escala menor. Esse tipo de representação acarreta muitas distorções e gera confusão em que lê esse mapa. Geralmente, quando se amplia parte de uma peça cartográfica, a representação em escala maior aparece fora do plano geral, no canto e/ou destacada, a fim de chamar a atenção e não iludir quem realiza a leitura. Ademais, os pontos turísticos de Cunha, diferente de Campos do Jordão, por exemplo, não estão concentrados no perímetro urbano, mas dispersos pela nossa extensa área rural. Desse modo, ainda que o objetivo dessa técnica seja permitir a localização dos pontos turísticos e empreendimentos turísticos dentro da cidade, acaba atrapalhando a localização dos lugares similares que estão na zona rural, já que, como escrevi, Cunha não tem seus pontos e empreendimentos turísticos concentrados na zona urbana. A falta de uma escala mais próxima à realidade, sobretudo nos trechos rurais, tem gerado muitas frustrações nos turistas que se guiam por esse mapa, quando percorrem os roteiros que haviam traçado.

Mapa Turístico da Estância Climática de Cunha. Ano: 2015. Fonte: CunhaTur.

Outro problema é a quantidade de informações que são apresentadas e representadas. Como o número de empreendimentos turísticos em nosso município vem aumentando a cada ano, à medida em que esses mapas são atualizados, ficam cada vez mais poluídos e carregados, o que compromete a leitura e a estética da peça gráfica. A solução pode estar na seleção das informações fornecidas ou na criação de um mapa digital para o turismo cunhense, através de um aplicativo para smartphone, por exemplo. Com os mapas digitais não só a atualização pode ser feita de maneira mais rápida e econômica, como a quantidade de informações pode ser resolvida com a criação de camadas selecionáveis, onde o próprio usuário pode decidir o que ele quer ver e localizar.

Mapa Turístico da Estância Climática de Cunha. Ano: 2019. Fonte: Prefeitura de Cunha (SP).

Regionalizações

Cunha era uma estância climática desde 1948. Foi a primeira do estado, antes até de Campos do Jordão. Na verdade, era para ser estância hidromineral devido às fontes da “Águas Virtuosas de Santa Rosa”. Mas, por pressões políticas de alguns deputados federais, insuflados pelos municípios que já gozavam desse “status” e acesso ao orçamento estadual, acabou se tornando uma estância climática (VELOSO, 1995, p. 12). Nessa batalha de Cunha atuaram dois políticos da época: deputado estadual Sebastião Carneiro da Silva (PSD), grande batalhador das causas valeparaibanas, e o governador Ademar de Barros (PSP), ex-combatente do serviço médico do Exército Constitucionalista, tendo servido na frente de Cunha. Na década de 1940, o dr. João Lellis Vieira, cunhense “da gema” e articulista do jornal “Correio Paulistano”, aproveitava o espaço que tinha para provocar Campos do Jordão, exclamando que Cunha, ao contrário daquela estância da Mantiqueira, era “climatericamente a Suíça Brasileira!”. Puro bairrismo. E um monólogo inócuo. Em nada abalou a reputação de Campos do Jordão, construída pelo próprio governo estadual, visando massagear o ego e ofertar um “plano B” para as quatrocentonas falidas, que já não dispunham de bufunfa para visitar a Suíça (de verdade) …

Mapa da Tipologia Turística das Estâncias Paulistas. Ano: 2017. Fonte: Companhia Paulista de Eventos e Turismo.

Em 2015, o artigo 7º, da Lei Complementar nº 1.261 do estado de São Paulo, que Estabelece condições e requisitos para a classificação de Estâncias e de Municípios de Interesse Turístico e dá providências correlatas”, prescreveu que “os municípios classificados por lei como Estâncias Balneárias, Hidrominerais, Climáticas e Turísticas passam a ser classificados como Estâncias Turísticas, sem prejuízo da utilização da terminologia anteriormente adotada, para efeito de divulgação dos seus principais atrativos, produtos e peculiaridades.” Assim, ainda que a Prefeitura de Cunha mantivesse a divulgação do título de “Estância Climática”, oficialmente passou a ser “Estância Turística”. Na parte que interessa à Municipalidade, o acesso à verba extra do orçamento estadual para fomentar o turismo local, nada mudou. Portanto, nenhum estardalhaço foi gerado. A questão que se pôs a partir de então foi como o Governo Estadual organizaria e enquadraria os municípios turísticos.

Mapa dos Segmentos Turísticos no Estado de S. Paulo. Ano: 2017. Fonte: Companhia Paulista de Eventos e Turismo.

Em um primeiro momento, a Secretaria de Turismo estadual lançou um documento para orientar as prefeituras sobre as mudanças ocorridas por força da nova lei. Assim, naquele momento, São Paulo estava dividido turisticamente em 15 macrorregiões e subdividido em 34 regiões turísticas englobando todos os 645 municípios paulistas (SÃO PAULO, 2015). Cunha pertencia à “Macrorregião do Vale do Paraíba” e à “Região Turística do Vale do Paraíba e Serras”. Basicamente, a Secretaria seguiu a regionalização histórica já existente, sem inventar moda. No mesmo documento, ao aprofundar a regionalização, a Secretaria criou os “Circuitos Turísticos”, uma sub-regionalização das regiões turísticas. Cunha, por sua vez, integrava, simultaneamente, o “Circuito Cultura Caipira”, junto com outros municípios do Alto Vale, e o “Roteiro do Vale Histórico”, junto com os municípios do “garoupas”. Essa regionalização era bastante condizente com a realidade e a história local, valorizando os aspectos culturais de Cunha e adjacências.

Cunha foi inserida dentro do segmento histórico e cultural, com destaque por sua cerâmica de alta temperatura nacionalmente conhecida. Fonte: Companhia Paulista de Eventos e Turismo. Ano: 2017.

A referida Lei Complementar reconhecia 13 segmentos de turismo: Social; Ecoturismo; Cultural; Religioso; Estudos e de Intercâmbio; de Esportes; de Pesca; Náutico; de Aventura; de Sol e Praia; de Negócios e Eventos; Rural; de Saúde. Sendo que Cunha estava segmentada dentro de uma região de turismo cultural, cuja definição, dada pela mesma lei é a que segue: “compreende as atividades turísticas relacionadas à vivência do conjunto de elementos significativos do patrimônio histórico e cultural e dos eventos culturais, valorizando e promovendo os bens materiais e imateriais da cultura”. Ainda que não seja a melhor para descrever o turismo cunhense era mais condizente que o enquadramento dado, por exemplo, ao turismo religioso, que é definido assim: “configura-se pelas atividades turísticas decorrentes da busca espiritual e da prática religiosa em espaços e eventos relacionados às religiões institucionalizadas, independentemente da origem étnica ou do credo”. Entretanto, a partir de 2017, Cunha passou a integrar a “Região Turística da Fé”, junto com Aparecida, Cachoeira Paulista, Guaratinguetá etc. mesmo não sendo um centro de peregrinação religiosa como esses municípios.

Mapa dos Circuitos Turísticos Paulistas. Ano: 2016. Fonte: Secretaria de Turismo do Estado de São Paulo.

O que se vê é que nem o próprio Governo conseguiu superar a utilização e categorização das estâncias (turísticas, climáticas e hidrominerais), ainda que oficialmente tenha sido proscrita. O termo “municípios turísticos” ou “estância turística” ainda não foi plenamente assimilado pelas pastas estaduais. E muito menos pelos municípios, empresários, guias e população em geral. Por óbvios motivos políticos e eleitorais, em 2016, uma lei estadual criou a categoria “Municípios de Interesse Turístico”, ampliando em mais 140 o número de municípios paulistas com acesso ao filão orçamentário para “incrementar o turismo”.

Interessante notar que até no site desenvolvido pelas prefeituras da Região Turística da Fé, a foto de Cunha na página inicial é a única não remete à religião ou às igrejas, apresentando a foto de uma das dezenas de cachoeiras do município na chamada da página inicial. Ainda que as festas religiosas de Cunha sejam seculares e possam atrair turistas, elas são expressões de fé da população local e não um evento de cunho turístico. São manifestações de fé genuínas e não eventos comerciais de fundo religioso. Talvez a única exceção dentro dessas manifestações seja a Festa de Sá Mariinha das Três Pontes, em cujo lugar há até um pequeno centro de apoio ao romeiro, mas ainda assim são romeiros de Cunha e adjacências que vistam o local, ou seja, devotos da própria região e que estão no mesmo meio cultural. Diferentemente de Aparecida, Cachoeira Paulista e Guaratinguetá, que são centros nacionais do Catolicismo, e atraem fiéis até de outros países e em contingentes impensáveis para as festas religiosas de Cunha.

A descrição para caracterização da Região Turística da Fé é ambígua. Vejamos: “A Região Turística da Fé se destaca como uma das mais belas do país, está localizada no eixo Rio x São Paulo entre as Serras da Mantiqueira, da Bocaina e do Mar. São 08 municípios no Vale do Paraíba que estão unidos pelo desenvolvimento do turismo regional: Aparecida, Cachoeira Paulista, Canas, Cunha, Guaratinguetá, Lorena e Piquete. Com um grande número de santuários e belezas naturais a região proporciona uma experiência única de fé, contemplação e atividades turísticas em meio das lindas paisagens de serras e rios nos mais variados tipos de turismo e seus atrativos: turismo religioso, turismo rural, turismo cultural, de esportes, de aventura, ecoturismo, negócios e eventos, náutico e gastronômico.” (grifo meu) (REGIÃO TURÍSTICA DA FÉ, 2020). Como se nota, não se sabe ao certo qual o tipo de turismo a desenvolver, porque uma coisa é atrair e acolher romeiros e outra coisa é desenvolver o ecoturismo. No encontro que culminou em um estatuto para os municípios integrantes da RT da Fé, afirmou-se que: “(…) muitos projetos possam acontecer na Rota da Fé, tanto focando a religiosidade regional, como investimentos na infraestrutura (…)” (grifo meu) (PREFEITURA DE APARECIDA, 2019). Ora, como Cunha focar seu investimento em eventos religiosos, se quase todas suas festas turísticas são laicas e comerciais?

Mapa das Regiões Turísticas do Estado de São Paulo. É o que está em vigor. Cunha aparece em outra região turística. Fonte: Secretaria de Turismo do Estado de S. Paulo. Ano: 2017.

Praticamente quase todos os tipos de turismo praticados no Brasil são citados como a ser desenvolvido pela Região Turística da Fé. É claro que a diversificação das atividades turísticas é desejável, mas no caso parece que os mentores municipais estão meio perdidos quanto aos objetivos e metas a serem traçadas. Ter colocado Cunha no meio desses municípios engrossou o caldo da confusão, sem dúvida. Quem dá enfoque em tudo acaba não priorizando nada. Não há nenhum elemento caracterizador, ainda que o turismo religioso preceda os demais e seja citado “um grande número de santuários”, para logo em seguida já destacar as “belezas naturais”, que uma caracterização tão genérica, que pode aparecer na descrição da maioria das regiões turísticas do mundo. O fato é que Cunha não conta com santuários e nem é visitada por motivos religiosos. Na página de Cunha, no site da Região Turística da Fé, até são citadas as festas religiosas, mas os destaques são para os campos de lavandas, cachoeiras e às festas ligadas ao clima serrano. Faria mais sentido, penso eu, alocar Cunha na região vizinha, do “Rios do Vale”, que engloba parte dos municípios do Alto Vale do Paraíba. Pelo menos em nosso território nasce o rio Paraibuna, no bairro da Aparição, e ganha corpo o rio Paraitinga, que desce da Serra da Bocaina. Associar a beleza natural a alguma ação contemplativa de fé em nosso município é um grande disparate, a menos que Cunha tenha algum centro de peregrinação xamânica e ninguém nos avisou de nada…

Não se pode criar regionalizações em gabinetes, desconsiderando a história e desenvolvimento de cada lugar. Canetadas de políticos não devem preceder e prevalecer sobre o trabalho científico de geógrafos e turismólogos.

Considerações finais

Atualmente, a maior parte das pessoas que visitam Cunha utiliza para encontrar os destinos almejados as plataformas cartográficas digitais, como o Google Maps (por exemplo), por serem mais simples, acessíveis e atualizadas. Acessíveis até certo ponto, convenhamos, já que em uma boa parte da zona rural de Cunha não há sinal de celular e, consequentemente, de internet. Entretanto, ainda que venha caindo em desuso e estejam condenados, os mapas turísticos impressos de Cunha precisam equilibrar os aspectos artísticos e técnicos na sua apresentação, tornando-se um instrumento de localização mais útil a quem se destina: os turistas.

Com relação à regionalização turística a que Cunha foi submetida, compete à Prefeitura, através de seu corpo técnico, e ao Conselho Municipal de Turismo de Cunha (COMTUR) questionar esse enquadramento alheio à realidade do turismo local: ao seu desenvolvimento e história, à sua tipologia e às potencialidades que apresenta. Inclusive, o planejamento turístico estadual aponta que um dos objetivos estratégicos para o setor é “promover a atuação articulada de agentes públicos e privados na implantação de empreendimentos e produtos turísticos nacionais ou internacionais, que aproveitem as vocações e potencialidades dos municípios e regiões do Estado de São Paulo.” (SÃO PAULO, 2020, p. 37). E ainda, no mesmo documento, estabelece que o “incentivo e valorização das iniciativas que fortaleçam a identidade local e regional dos destinos turísticos” e a modernização e ampliação das “estratégias de marketing e comunicação de destinos, produtos e serviços turísticos ofertados no Estado de São Paulo nos níveis municipal, regional, nacional e internacional” (SÃO PAULO, 2020, pp. 44-45) são estratégias prioritárias para fomentar o turismo paulista na próxima década. Trata-se de uma regionalização totalmente deslocada, no tempo e no espaço. E que pode comprometer nosso desenvolvimento turístico se for seguida e houver direcionamento de investimentos.

Cunha viveu nesse primeiro quinquênio da pavimentação completa da rodovia que liga a cidade a Paraty (RJ) um crescimento nunca visto do seu turismo. O fluxo cada vez maior de pessoas que se dirige às praias da Costa Verde fluminense e para o Litoral Norte paulista transformou nossas montanhas em vitrine e propaganda ininterrupta do lugar. É um outdoor vivo e verdadeiro dos dois lados da pista da rodovia SP-171. Entretanto, é preciso planejar e aprimorar as atividades turísticas que acontecem aqui, para gere renda e traga benefícios para todos os cunhenses e que seja sustentável, ecologicamente e financeiramente, nas próximas décadas.

Vídeo sobre a então Estância Climática de Cunha, produzido pela Aprecesp (Associação das Prefeituras das Cidades Estância do Estado de São Paulo), em 2012.

Referências:
CORRÊA, R. L. Região e organização espacial. 8. ed. São Paulo: Ática, 2007.
LIBAULT, A. Geocartografia. São Paulo: Companhia Editora Nacional / Editora da Universidade de São Paulo, 1975.
PREFEITURA DA ESTÂNCIA CLIMÁTICA DE CUNHA. Mapa Turístico de Cunha já está disponível aqui no site oficial da prefeitura, 22 jan. 2019. Disponível em: < http://www.cunha.sp.gov.br/noticias/mapa-turistico-de-cunha-ja-esta-disponivel-aqui-no-site-oficial-da-prefeitura/ >. Acesso em: 4 out. 2021.
PREFEITURA DE APARECIDA. Estatuto da Região Turística da Fé, 26 jul. 2019. Disponível em: < https://www.aparecida.sp.gov.br/portal/noticias/0/3/326/estatuto-da-regiao-turistica-da-fe >. Acesso em: 5 out. 2021.
REGIÃO TURÍSTICA DA FÉ. Conheça Cunha. Disponível em: < https://rtdafe.com.br/cunha/ >. Acesso em 4 out. 2021.
______. Sobre a região. Disponível em: < https://rtdafe.com.br/ >. Acesso em 4 out. 2021.
SÃO PAULO (Estado). LEI COMPLEMENTAR Nº 1.261, DE 29 DE ABRIL DE 2015. Estabelece condições e requisitos para a classificação de Estâncias e de Municípios de Interesse Turístico e dá providências correlatas. São Paulo (SP), abr. 2015. Disponível em: < https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei.complementar/2015/lei.complementar-1261-29.04.2015.html >. Acesso em: 5 out. 2021.
SÃO PAULO (Estado) / Secretaria de Turismo. Município de Interesse Turístico: cartilha de orientação de acordo com a Lei 1261/15. São Paulo: Secretaria de Turismo do Estado de São Paulo, 2015. Disponível em: < https://www.turismo.sp.gov.br/publico/include/download.php?file=108 >. Acesso em: 4 ou. 2021.
______. Municípios Turísticos (Estâncias), 29 mai. 2017. Disponível em: < https://www.turismo.sp.gov.br/publico/noticia_tour.php?cod_menu=77 >. Acesso em: 9 out. 2021.
______. Mapa das Regiões Turísticas. 2017. Disponível em: < https://www.turismo.sp.gov.br/datafiles/suite/escritorio/aplicativo/conteudo/album_fotografico/782.jpg >. Acesso em 5 out. 2021.
______. TURISMO SP 20-30: Plano Estratégico de Desenvolvimento do Turismo do Estado de São Paulo – resumo executivo. São Paulo: SETUR, out. 2020. Disponível em: < https://www.turismo.sp.gov.br/datafiles/suite/escritorio/aplicativo/webdesign/abertura/Plano%20Turismo%20SP%2020-30%20site09dez2020.pdf >. Acesso em: 5 out. 2021.
SECRETARIA DE TURISMO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Tipologia Turística das Estâncias Paulistas – 2017. “Turismo em São Paulo”, TUR.SP – Companhia Paulista de Eventos e Turismo | Disponível em: < http://www.turismoemsaopaulo.com >. Acesso em: 11 jan. 2018.
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VELOSO, J. J. de O. O ambiente natural cunhense. Cunha (SP): Centro de Cultura e Tradição de Cunha, 1995.

10 curiosidades sobre Cunha

Cunha: Cidades das Serras

1 – Seu antigo nome era “Facão”. Somente em 1.785, com a independência política-administrativa, passando a ser então um município, é que denominar-se “Villa de Nossa Senhora da Conceição de Cunha”, uma homenagem a Francisco da Cunha e Meneses, governador e capitão-general da Capitania de São Paulo de 1.782 a 1.786, responsável pela outorga de sua elevação à condição de vila. A ereção da capela de Jesus, Maria e José, no bairro da Boa Vista, no ano de 1.724, é considerado o evento fundador.

2 – Possui o maior rebanho bovino do Vale do Paraíba e é uma das maiores bacias leiteiras do estado. Por isso é tão comum encontrar deliciosos queijos artesanais pelas roças de Cunha. No passado foi grande produtora de toucinho, milho e fumo: produtos agrícolas que abasteciam a zona cafeeira do Vale do Paraíba. O turismo é atividade econômica recente, desenvolvida nas últimas décadas, impulsionada pela pavimentação da Estrada-Parque Paraty-Cunha. Seu passado econômico sempre esteve ligado à agricultura familiar e de subsistência e ao tropeirismo, já que era pouso obrigatório entre o sertão e o litoral. Era uma espécie de “celeiro do Vale”.

 3 – No passado, antes da chegada dos colonizadores portugueses, o planalto cunhense era povoado pelos índios Guaianás. Esse povo originário abriu vários caminhos ligando o planalto até a costa atlântica. Andejos, exímios caçadores e coletores, esse povo autóctone era nômade e migravam sazonalmente: no verão viviam na serra; no inverno desciam para beira do mar. Pessoas ligeiras no esgueirar-se pelas matas densas, de baixa estatura, falavam uma língua do tronco Macro-Jê.

 4 – É a Capital Nacional da Cerâmica de Alta Temperatura, segundo projeto de lei que tramita no Congresso Nacional, já em fase de aprovação. Isso se deve ao fato de Cunha receber, desde a década de 1.970, inúmeros ceramistas que utilizavam a queima de suas peças no forno Noborigama. De lá para cá, muitos outros artistas se instalaram em Cunha, produzindo peças reconhecidas nacionalmente, e transformando a cidade no maior polo de cerâmica de autor da América do Sul. Antes da chegada dos artistas-ceramistas, havia em Cunha as “paneleiras”: ceramistas, geralmente mulheres, que produziam peças utilitárias, para ser utilizado no dia a dia da vida caipira. Os vasilhames eram confeccionados através de técnicas ancestrais, de origem indígena.

5 – Cunha possui os maiores campos de lavandas do estado de São Paulo e os mais famosos do Brasil, fato que motivou a imprensa especializada em turismo em chamá-la de “a Provence paulista”. Um tanto exagerado o epíteto, tendo em vista que o município possui apenas dois campos de lavandas: o Lavandário e o Contemplário. São belos e dão um certo ar de paisagem incomum (pelo menos nos trópicos), mas não se comparam ao que há na França. Cunha possuía há alguns anos uma enorme frota de fusca, que chamava a atenção dos turistas e viajantes que passavam pela cidade. Seria Cunha a “capital do Fusca” também? Inúmeras reportagens sobre a relação do cunhense com esse carro, tão adequado às condições das estradas rurais do município, foram feitas. Até uma festa para celebrar o mais famoso auto da Volkswagen foi organizada: a “FusCunha”. Virou matéria no “Me leva Brasil”, quadro da revista eletrônica “Fantástico”, da TV Globo.

6 – Em 1.932 o município foi palco dos combates entre federais e paulistas, durante a Revolução Constitucionalista. A “Batalha de Cunha”, travada no estilo da Primeira Grande Guerra e com o auxílio da aviação, foi uma das maiores batalhas daquela guerra civil e uma das poucas em que as tropas paulistas venceram. Paulo Virgínio, trabalhador rural do bairro do Taboão, foi capturado, torturado e morto pelas tropas federais, que apoiavam manutenção no poder do ditador Getúlio Vargas. Por não ter revelado os caminhos que levavam às trincheiras paulistas – nem mesmo sob tortura – foi considerado herói e mártir da causa paulista e constitucionalista.

7 – É a maior produtora de pinhão de São Paulo. Isso só é possível porque o território cunhense é salpicado por araucárias (pinheiro brasileiro). Os produtores rurais aproveitam para catar e comercializar os pinhões que caem no outono, e, assim, ter uma renda extra com o extrativismo vegetal. A Festa do Pinhão, atualmente o maior evento turístico de Cunha, conta com feira de comidas típicas à base de pinhão, além de shows e atrações outras. As araucárias são nativas em Cunha, pois mesmo sendo típicas de climas frios e subtropicais, encontraram na Mata Atlântica das altas montanhas um refúgio ecológico propício para sua espécie.

 8 – Possui mais de 250 bairros rurais e seu território está cercado por três serras: do Mar, da Bocaina e da Quebra-Cangalha. O relevo é tipicamente montanhoso, área exemplar da paisagem de “mares de morros”. A associação de montanhas, rios e seixos dá origem há inúmeras cachoeiras, variando de tamanho e beleza. O clima é tropical de altitude, com ocorrência de geadas no inverno, mas muito úmido nas áreas mais altas, próximas à Serra do Mar, devido à ocorrência de garoas. Devido à salubridade do seu clima ameno, um sanativo para os tuberculosos e para os acometidos de outras moléstias respiratórias, fez o Governo Estadual transformar Cunha em uma Estância Climática em 1.948.

9 – Em seu território há duas unidades de conservação de proteção integral: o Parque Estadual da Serra do Mar (Núcleo de Cunha) e o Parque Nacional da Serra da Bocaina. O rio Paraibuna nasce no município e o rio Paraitinga nele se encorpa. Ambos são os formadores do rio Paraíba do Sul, o curso d’água mais estratégico do país, por estar localizado entre as duas maiores regiões metropolitanas brasileiras: São Paulo e Rio de Janeiro. Possui várias fontes hidrominerais inexploradas, que brotam do seio do aquífero Cristalino, com destaque para as fontes do complexo das Águas Virtuosas de Santa Rosa, uma das melhores do mundo e a única explorada comercialmente até o momento.

10 – É o maior município do Vale do Paraíba em extensão territorial e o 11º do estado de São Paulo. Sua população está estagnada em torno de 20 mil habitantes há mais de um século, devido às perdas migratórias por razões econômicas e ao êxodo rural. Cunha é um dos berços e redutos da autêntica cultura caipira (paulista), que se manifesta no modo do povo falar, no jeito de andar e se vestir, no modo de ser e viver, nas construções, nas tradições religiosas seculares, nas danças (congada, jongo, são-gonçalo, moçambique, catira etc.), folias (de Reis e do Divino) e cantigas de viola, na culinária, com uma variedade deliciosa de doces e pratos salgados, que alimentam a alma e o espírito. Conhecer Cunha, já diziam os antigos cientistas sociais que estudaram o lugar, é mais que uma viagem no espaço; é uma viagem no tempo! Uma possibilidade de reencontro consigo mesmo e com a paz perdida na confusão da “civilização urbana”.

Livro: “Cerâmica em Cunha: 40 anos do forno noborigama no Brasil”

Mais uma obra comemorativa e publicitária sobre os ceramistas de Cunha. Produzida em 2015 e publicada em 2016 pelo Instituto Cultural da Cerâmica de Cunha (ICCC), em conjunto com a Secretaria de Turismo de Cunha, a obra segue as pegadas da publicação anterior sobre os ceramistas de Cunha, fazendo um documentário histórico, biográfico e artístico, no mesmo estilo da publicação feita na década anterior.

Capa do livro “Cerâmica em Cunha”, com textos de Liliana de Morais e fotos de Johnny Mazzilli.

Sob a coordenação artística de Laurentino Gonçalves Dias Júnior, com pesquisa e textos de Liliana Granja Pereira de Morais e belíssimas fotografias de Johnny Mazzilli, saiu mais uma obra do forno sobre a cerâmica de Cunha.

A publicação segue a mesma senda da anterior. No princípio, apresenta o testemunho de Alberto Cidraes, testemunha ocular da história em primeira pessoa, pois está entre no grupo de pioneiros. No seu relato ele deixa claro: escolheram Cunha porque ficava no eixo Rio-São Paulo e isso facilitava a comercialização das suas obras. Além do mais, foram bem recebidos pelas autoridades cunhenses: receberam um espaço para criar um ateliê coletivo. Um antigo e abandonado matadouro. Pensando bem, um “presente de grego“. Mas que no fim das contas acabou dando certo. Nenhum cavalo de Troia é suficiente para derrotar o talento.

A obra segue apontando as especificidades da cerâmica moldada e queimada em Cunha, o fogo do forno Noborigama, um estrangeiro que se adaptou bem aos trópicos, encaipirando-se por completo no coração da Paulistânia. Delineia os principais fatos históricos relacionados ao grupo de pioneiros e o contexto local. Apresenta o processo de estabelecimento dos primeiros ateliês individuais, as estratégias de comercialização artística adotadas pelos ceramistas, a necessidade de alavancar o turismo em Cunha, feito em que foram bem-sucedidos. Trata do Noborigama, o ícone, e expõe os processos criativos de uma peça cerâmica, da retirada da argila até a queima.

Há, como na obra anterior, breves biografias dos ceramistas de Cunha, com foto deles e de suas criações. Uma forma de mostrar a pluralidade de concepções artísticas que apresenta a cerâmica de Cunha atualmente e também de apresentar muitos filhos da terra, jovens que ingressaram na cerâmica e hoje já produzem e expõem suas peças. Eis o legado da cerâmica, eis o legado o Instituto Cultural de Cerâmica de Cunha (ICCC)

A novidade nessa obra é mesmo o ICCC , um instituto pedagógico que teve o instinto de perceber a importância de formar uma nova leva de ceramistas locais, focando nos mais jovens, nos estudantes, para aqueles que Cunha oferece tão poucas oportunidades. A criação desse instituto demonstra a responsabilidade social dos ceramistas e amor que nutrem pela nossa terra; terra em um sentido muito mais amplo do que fonte de argila. Terra como torrão, como chão, como lar, como pátria. O legado para Cunha será mais riquíssimo porque já está sendo e dando resultados. O epílogo é uma esperança, um sonho. E tudo se fecha em um glossário.

O livro pode ser lido on-line.

Livro “30 anos de cerâmica em Cunha”

Livro comemorativo sobre os 30 anos da chegada dos primeiros ceramistas a Cunha, produzido pelos protagonistas Mieko Ukeseki e Alberto Cidraes e com o apoio da CunhaTur e da Prefeitura de Cunha. A obra saiu em 2005, “Ano da Cerâmica em Cunha“, comemorado em função das três décadas passadas desde a instalação do primeiro forno Noborigama na Estância Climática.

Capa do livro editado e produzido sob a coordenação da ceramista Mieko Ukeseki.

O livro é um documentário sobre a cerâmica de alta temperatura desenvolvida em Cunha. Traz um relato histórico, com fotos e detalhes da chegada do primeiro grupo ceramistas, a introdução do forno oriental Noborigama (icônico) as razões de terem vindo parar aqui, uma das “cidades mortas” do Vale do Paraíba e a instalação do primeiro ateliê coletivo, no antigo e decrépito Matadouro Municipal, espaço cedido ao grupo de nômades (em processo de sedentarização) pelo ex-prefeito Zelão. Os progressos artísticos e experimentais de cada ceramista, culminando na conquista de novos espaços, com as aberturas de fornada, gérmen do turismo cunhense.

Há também uma breve biografia dos vários ceramistas instalados em Cunha no ano de 2005, apresentando juntamente algumas fotografias de peças artísticas produzidas pelas mãos, imaginação e sensibilidade talentosa de cada um. E não se esqueceram das paneleiras de Cunha. Mulheres hábeis no trato da argila, produtoras de peças utilitárias, cujo saber, transmitido de forma hereditária, remonta à ancestralidade dos povos originários.

Enfim, um interessante e necessário documentário, demonstrando como a “cidade morta” e barroca, perdida entre três cordilheiras, se transforma no maior polo da América do Sul de cerâmica de autor.

O livro pode ser lido on-line.

A chegada dos primeiros ceramistas a Cunha

Foto: Toshiyuki Ukeseki. Na foto: Mieko, Vicco e Cidraes a caminho de Cunha, no morro do Sapé, na Rodovia SP-171, 1975.

No dia 20 de abril de 1.975 chegava a Cunha um grupo de ceramistas formado por Mieko e Toshiyuki Ukeseki (japoneses), Alberto Cidraes (português) e os irmãos Vicente Cordeiro (Vicco) e Antônio Cordeiro (Toninho). No domingo em que encontraram Cunha, isolada entre três serras, comemorava-se o aniversário da cidade, naquele tempo celebrado no dia 20 de abril. O grupo, estranho ao jeito cunhense, logo atraiu a atenção dos moradores; entre eles, a da senhora Maria, que foi conversar com eles. Inquirindo-os, descobriu que procuravam um lugar tranquilo para se instalar e produzir cerâmica. Na condição de irmã do ex-prefeito Zelão (José Elias Abdalla), o enérgico político que buscava a todo custo promover o desenvolvimento turístico de Cunha, dona Maria levou-os até sua cunhada Maria Aparecida Núbile Abdalla (dona Cida), esposa do político, que mesmo no meio de autoridades que visitavam à cidade por ocasião de seu aniversário, conseguiu chamar a atenção do marido, que prometeu no dia seguinte arrumar um lugar para os forasteiros que tinham acabado de chegar. A Prefeitura não contava com muitas instalações disponíveis na época, e o único lugar que dona Cida cogitou, o antigo Matadouro Municipal, completamente abandonado e sujo, parecia inviável. Por sorte ou falta de opção, o grupo aceitou. A História de Cunha começaria a mudar…

Com muita dificuldade e muito improviso na base da experiência que já haviam adquirido, o grupo lutava e trabalhava para tornar o lugar habitável e para construir o forno para queima das peças. O tipo de forno escolhido, que até hoje caracteriza a cerâmica de Cunha, foi o Noborigama (“forno que sobe a montanha”, tudo a ver com a geografia cunhense), forma sofisticada do forno a lenha arcaico do Extremo Oriente, que chega a 1.400 graus centígrados e que é construído em aclives, aproveitando a inclinação do terreno. Matéria-prima havia em abundância: argila, eucalipto (para lenha), feldspato e caulim (para esmaltar as peças). A primeira fornada do antigo Matadouro saiu em dezembro de 1.975. Os ceramistas trabalharam juntos e queimaram no mesmo forno, levando as cerâmicas para fora da cidade para vendê-las. Os anos difíceis foram ficando para trás, mais ceramistas foram chegando, outros partiram, o turismo em Cunha foi crescendo, gente daqui começou a fazer cerâmica de alta temperatura… Hoje, no lugar do antigo Matadouro, a Prefeitura construiu a nova Casa do Artesão, um prédio amplo e bonito e que não guarda nenhuma relação com passado dos pioneiros da cerâmica de autor em Cunha.

Convém lembrar que em Cunha já havia ceramistas, no caso as “paneleiras” (como as famosas Nhá Núncia e dona Dita Paneleira), que faziam peças utilitárias, voltadas ao cotidiano dos moradores locais, cuja técnica remonta ao nosso passado indígena. Os ceramistas que chegaram sempre fizeram questão de respeitar e reverenciar essas mulheres que, assim como eles, aprenderam a moldar e solidificar a argila.

A concessão feita pela Prefeitura aos ceramistas-forasteiros se mostrou acertada. Já no final da década de 1980, o ateliê de Gilberto Jardineiro e Kimiko Suenaga inovou com a realização da “abertura de fornada”, evento organizado no espaço do próprio ateliê, que visava suprimir a relação do ceramista com o atravessador, trazendo o consumidor de cerâmica para dentro do espaço de produção, aumentando assim os preços das peças. Essa novidade, sempre muito concorrida, ajudou não só os ateliês da cidade, como também acabaria por servir de chamariz para Cunha, uma cidade ainda desconhecida do público da Grande São Paulo. Os frequentadores dos ateliês acabavam se tornando frequentadores de Cunha. Muitos gostaram tanto que acabaram adquirindo sítios por aqui.

Portanto, não é nenhuma surpresa que, entre os entusiastas do primeiro Festival de Inverno “Acordes na Serra”, realizado em 1.993, estivesse muitos ceramistas da cidade. A realização dos festivais de inverno foram um marco definitivo na história de Cunha, pois foi através deles que o nosso município assumiu a sua identidade turística e buscou desenvolver eventos que fizessem jus ao seu título de “Estância Climática”.

Filme institucional da Associação dos Ceramistas de Cunha (SP).

Em janeiro de 2009, foi criado, pelos ceramistas locais e outros agentes culturais, o Instituto Cultural da Cerâmica de Cunha (ICCC), entidade que tem por objetivo ser a organização institucional do polo de cerâmica artística do município, promovendo o crescimento e a difusão da atividade cerâmica, ações educativas e culturais para a população local, enfim, uma instituição atuante e que está formando a próxima geração de ceramistas cunhenses. Atualmente está em tramitação no Senado Federal (Comissão de Educação, Cultura e Esporte) um Projeto de Lei (PL 7.772/2017), já aprovado pela Câmara dos Deputados, que confere o título de “Capital Nacional da Cerâmica de Alta Temperatura” à cidade de Cunha. O Projeto de Lei é de iniciativa da Deputada Federal Pollyana Gama (CIDADANIA/SP). Tendo em vista tudo o que representam para o turismo cunhense, a cerâmica, com o seu alto valor artístico, e os ceramistas, cientes do turismo como alternativa para uma economia agrícola decadente, mudaram a nossa História. Encerro com os dizeres da mulher que prontamente percebeu a importância daqueles artistas que pararam em Cunha naquele outono de 1.975, a visionária dona Cida (Maria Aparecida N. Abdalla), que em uma entrevista para o livro “30 anos de cerâmica em Cunha”, indagou: “Se não fosse por esses ceramistas, a história da cidade seria diferente. Como Cunha ia se tornar conhecida? E tem coisa mais bonita do que acontece aqui quando é dia de abertura de forno?”.

Referências:

ATELIÊ SUENAGA & JARDINEIRO. Cerâmica em Cunha. Disponível em: <http://www.ateliesj.com.br/&gt;, acesso em 19 abr. 2020.

CÂMARA DOS DEPUTADOS. PROJETO DE LEI Nº 7.772, DE 2017. Disponível em: <https://www.camara.leg.br/proposic…/prop_mostrarintegra…&gt;, acesso em 19 abr. 2020.

CERAMISTAS DE CUNHA / CUNHATUR. 30 anos de cerâmica em Cunha. Cunha (SP): JAC Gráfica e Editora, 2005. Disponível em: < https://issuu.com/joaomak/docs/livro&gt;, acesso em 19 abr. 2020.

JORNAL HOJE, ano II, n. 15, jul/ago. de 1998.

MEMORIAL DA CERÂMICA DE CUNHA. Disponível em: < http://www.mecc.art.br/memorial.html&gt;, acesso em 19 abr. 2020.

Reportagem sobre alguns ceramistas de Cunha (TV Band Vale): https://fb.watch/5NnPuKi7wM/